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Crítica: Oddity (2024)

  • Foto do escritor: Thalles Graciano
    Thalles Graciano
  • 28 de ago. de 2024
  • 2 min de leitura

Dir. Damian McCarthy, Irlanda


A premissa de Oddity parte de um lugar simples, mas muito bem estruturado em termos de narrativa: uma morte misteriosa nos leva a um espaço de tensões e maldições. O filme é muito bem sucedido em trabalhar essa atmosfera claustrofóbica, passando-se majoritariamente em uma casa opressora. O uso do espaço é parte fundamental do sucesso narrativo do filme. A sequência inicial traz vários elementos do horror já de imediato. Há a possibilidade da invasão da casa, há a possibilidade do sobrenatural, há o mistério que já sentimos através da existência do perigo e tudo se desenvolve no diálogo e em gestos que não são contidos.


Os jumpscares são a cereja do bolo de uma mobilização extremamente competente que o filme faz das situações-limite do horror que geram o medo. A câmera às vezes parece estar sempre sendo espreitada por algo que aguarda no extracampo e deve aparecer a qualquer momento. É bem positivo que o filme assuma mesmo sem qualquer ressalva esse gosto pelo horror de forma bem direta; não tem nada de pretensioso e nem há a costumeira tentativa (às vezes mal sucedida) de se afastar das convenções do gênero. São um tanto quanto óbvias as menções, em sua recepção, da similaridade com as obras de Poe; mas  acho uma comparação bem pertinente. O desconforto e a estranheza se somam muito naturalmente à escolha do diretor de ser bem direto e ultrapassar o terreno das sugestões, sem nunca abandonar o clima misterioso. 


Em um tempo histórico em que muito se debate sobre a revitalização do horror, o uso dos clichês e as possibilidades de causar desconforto - debates que em sua forma estão saturados, mais do que em conteúdo, ainda que ambos necessariamente se relacionem, Oddity é uma demonstração apaixonada das potencialidades do cinema de gênero, tendo bastante respeito por tudo que vem antes. É um forte candidato a filme de terror do ano e gabarita, enfim,o lugar de McCarthy enquanto um cineasta talentoso.

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